segunda-feira, fevereiro 11, 2008

Preço da tarifa do transporte aumenta de novo em São Paulo


por jpereiraÚltima modificação 11/02/2008 10:22

Movimento Passe Livre e Sindicato dos Metroviários afirmam que reajustes são injustificáveis, não trazem melhorias ao serviço e acusam que governo tucano beneficia os empresários dos transportes


11/02/2008


Eduardo Sales de Lima

Da Redação


Em meio ao período festivo e de férias escolares, o governo de José Serra (PSDB) decidiu anunciar um aumento na tarifa do transporte coletivo de São Paulo. Na quarta-feira, 30 de janeiro, os tucanos informaram que o valor do bilhete unitário do Metrô e do Trem passará de R$ 2,30 para R$ 2,40, um reajuste de 4,35%. O Bilhete Único integrado (que faz a conexão dos ônibus com o Metrô ou os trens) terá reajuste de 4,29%, passando de R$ 3,50 para R$ 3,65.


O trabalhador também pagará mais caro pelos ônibus. Nos metropolitanos, os reajustes vão variar de 3,42% a 3,64%, dependendo do percurso do veículo. No corredor metropolitano de trólebus, o reajuste será exatamente o mesmo dos bilhetes do Metrô e da CPTM: 4,35%. Assim, o valor também passará de R$ 2,30 para R$ 2,40. Na região metropolitana da Baixada Santista, o reajuste será de 3,62% para os ônibus comuns e de 2,79%, para os seletivos. Na região metropolitana de Campinas, a 95 km de São Paulo, o aumento será de 3,96% (comuns) e 3,25% (seletivos).


De acordo com a assessoria da Secretaria Municipal de Transportes da Prefeitura de São Paulo, ainda não há previsão de aumento nos ônibus municipais. A tarifa atual é de R$ 2,30. A assessoria do Metrô argumentou que o ajuste nos preços das passagens anunciado ficou abaixo da inflação registrada no ano de 2007 - 4,46%, de acordo com o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). O Movimento Passe Livre (MPL) contesta essa afirmação e responde que o poder de compra dos trabalhadores não aumentou, pois o salário dos usuários do transporte público não teve esse mesmo ganho real. O movimento critica a medida também sobretudo porque os trens metropolitanos servem, sobretudo, "para as parcelas mais pobres da população”.


Tarifas em disparada

“Somados os últimos aumentos, a tarifa foi reajustada bem acima do índice de inflação do período”, aponta Lucas Monteiro, conhecido como Legume, membro do Movimento Passe Livre (MPL). Só em 2006, o aumento do preço das tarifas de ônibus e trens subiu 15%, quase cinco vezes mais que a inflação do período, acumulada em 3,14%.


O governo do Estado de São Paulo afirma também que o objetivo do aumento é "contribuir para a estabilidade fiscal e para a auto-suficiência do financiamento da operação" dos sistemas de transporte. No entanto, segundo o MPL, por trás desse argumento de ordem técnica, há uma concepção de transporte público pela qual quem custeia quase integralmente a tarifa são aqueles que utilizam o serviço, e não aqueles que dele se beneficiam - ou seja, os empresários em geral, que lucram com a força de trabalho dos empregados.


Transporte: serviço público ou negócio?

Na visão de Wagner Fajardo Pereira, secretário-geral do Sindicato dos Metroviários de São Paulo, o governo de José Serra possui uma visão limitada do serviço público de transporte. “Para o governo paulista, o usuário é considerado um simples cliente e o Estado, um grande administrador empresarial”, analisa. Segundo ele, predominam as estratégicas políticas e ideológicas que beneficiam os grandes empresários de transportes e oneram a população. “O transporte público no mundo todo, principalmente o metroviário, é subsidiado pelo governo. Aqui, no Brasil, os sistemas de ônibus são bem mais subsidiados que o metrô, o que beneficia os empresários, não os usuários”, pondera Pereira.


O sindicalista aponta que o grande problema do sistema de transporte público paulista e brasileiro, em geral, nunca foi a falta de recursos como dizem certos governos. “Trata-se de um problema de política, pois não onera quem deveria onerar”, diz. Para ele, quem deveria pagar o preço do transporte público são os empresários de diversos setores, como os banqueiros, os industriais, ou seja, aqueles que lucram com os trabalhadores que moram nos bairros mais afastados do trabalho e necessitam do transporte público de qualidade.


Mesmo sob a ótica da “clientela”, porém, os seqüentes reajustes implementados pelos tucanos não satisfazem a população quanto à melhoria dos serviços. Segundo o MPL, no início deste ano, os trens do metrô sofreram quatro panes técnicas em menos de quinze dias, provocadas por falta de manutenção. “O aumento do número de usuários de trens e do metrô não foi acompanhado por uma ampliação da frota, provocando superlotação crescente. O argumento de que o aumento do preço das tarifas seja necessário para melhorar a qualidade do serviço oferecido não tem base diante do histórico da Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo”, afirma o MPL, em nota.


Lucas Monteiro, do MPL, lembra ainda que, a partir do sistema de integração entre ônibus e trens, o número de passageiros cresceu, mas a frota permaneceu a mesma. “Apenas a linha C, que liga Grajaú a Osasco, administrada pela CPTM, teve um aumento de 60% na quantidade de passageiros”, informa.

Fonte: http://www.brasildefato.com.br/v01/agencia/nacional/preco-da-tarifa-do-transporte-aumenta-de-novo-em-sao-paulo


Confira o panfleto veiculado pelo Movimento Passe Livre de São Paulo.

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