quinta-feira, maio 21, 2009

Sistema de segurança falha e homem cai de biarticulado em movimento

Curitiba

Sistema de segurança falha e homem cai de biarticulado em movimento

Análise de técnicos da Urbs apontou falta de manutenção no sistema de segurança das portas do ônibus e a empresa foi autuada

20/05/2009 | 18:24 | Gladson Angeli e João Varella atualizado em 20/05/2009 às 20:02

Um homem ficou ferido ao cair de um biarticulado no início da noite de terça-feira (19), no bairro Alto da Glória, em Curitiba. O ônibus chegava a estação-tubo Maria Clara quando as portas se abriram com o veículo ainda em movimento. Perícia realizada por técnicos da Urbanização de Curitiba (Urbs), empresa responsável pelo gerenciamento do transporte público na capital, apontou falha no sistema de segurança. O caso lembra um outro acidente ocorrido em janeiro, quando a auxiliar de serviços gerais Cleonice Ferreira Gouveia, 29 anos, morreu ao cair de um ônibus ligeirinho.

O acidente aconteceu por volta das 19h30 no biarticulado da linha Santa Candida/Capão Raso. Um pessoa que testemunhou o acidente, mas que preferiu não ser identificada, contou que o ônibus se aproximava da estação e, cerca de cinco metros antes de chegar, as portas se abriram. Carlos Antônio Medeiros, 35 anos, que estava próximo de um das portas foi projetado para fora do veículo. “O rapaz bateu contra a estação e depois caiu no chão”, contou.

O Serviço Integrado de Atendimento ao Trauma em Emergência (SIATE) foi acionado e prestou os primeiros atendimentos a Medeiros. Ele foi encaminhado para o Hospital Cajuru, onde realizou exames que não apontaram fraturas. De acordo com o hospital, Medeiros recebeu alta ainda na noite de terça.

A testemunha contou ainda que o ônibus estava superlotado e, provavelmente por isso, Medeiros estava tão próximo da porta. Segundo a testemunha, o motorista do ônibus não dirigia em alta velocidade.

Falha elétrica

O biarticulado ficou parado no local por cerca de duas horas. Técnicos da Urbs fizeram perícia no veículo e constataram que houve uma falha elétrica no sistema de segurança das portas. O sistema é o que impediria os ônibus se movimentarem com as portas abertas. A falha foi provocada, segundo a Urbs, por falta de manutenção do equipamento.

A Transporte Coletivo Glória, empresa responsável pelo ônibus, foi autuada pela Urbs. A empresa poderá apresentar defesa. Caso não faça, será multada. O valor da multa ainda não foi calculado. A Urbs informou que o ônibus não voltou a circular e deve passar por novas perícias.

As empresas são responsáveis, segundo a Urbs, pela manutenção periódica dos veículos em suas oficinas. A reportagem da Gazeta do Povo entrou em conta com a empresa, mas foi informada que o diretor de transporte estava em uma reunião e retornaria a ligação. Até as 18 horas não houve resposta.

Outros acidentes

Desde o começo do ano vários acidentes foram registrados com os ônibus do transporte urbano em Curitiba. O mais grave terminou com a morte da auxiliar de serviços gerais Cleonice Ferreira Gouveia, 29 anos. Ela caiu de um ônibus ligeirinho em movimento e foi atropelada pelo próprio veículo. O acidente aconteceu no dia 28 de janeiro na Rua Vicente Michelotto, na Cidade Industrial de Curitiba. O laudo do Instituto de Criminalística descartou falhas no sistema de segurança da porta do ligeirinho. O documento, encaminhado à Delegacia de Delitos de Trânsito (Dedetran), não explicou, porém, como o acidente aconteceu.

Contatada por telefone no final da tarde desta quarta-feira, a Dedetran, que cuida do andamento do inquérito, não soube informar qual era o status das investigações.

Na esfera cível, o viúvo de Cleonice, Reinaldo Golveia, processou a Araucária Transportes e Coletivo, empresa responsável pela linha. Por meio de advogados, Reinaldo pede indenização de R$ 750 mil a si e suas duas filhas, além de pensão até que complete 70 anos.

De acordo com Márcia Regiane Oliveira, do escritório de advogados Alfredo Lincoln Pedroso, que representa Reinaldo, a empresa teria feito propostas para encerrar o processo, todas recusadas. Márcia não revela os valores. Uma audiência de conciliação está marcada para o dia 7 de julho.

Ainda em janeiro, uma mulher de 65 anos ficou presa na porta de um ônibus e foi arrastada. O acidente aconteceu na região central da cidade. Amélia Terezinha Belinásio sofreu ferimentos no braço. Assim como no caso de Cleonice Gouveia, a porta do ônibus foi o principal causador do acidente. No caso da idosa, a porta teria fechado antes que ela terminasse de descer.

Na semana passada, uma das plataformas de embarque de um ônibus se abriu enquanto o veículo estava em movimento. A plataforma atingiu um carro, estragando a lataria do veículo. O acidente ocorreu na Rua Brasílio Itiberê, próximo à esquina com a Rua Lamenha Lins, no bairro Água Verde. Ninguém ficou ferido.


Fonte: http://portal.rpc.com.br/gazetadopovo/vidaecidadania/conteudo.phtml?id=888505

2 comentários:

André Caon Lima disse...

Cadeirante vive experiência traumática

Eva Aparecida de Jesus, de 43 anos, gostaria de esquecer o dia 11 de fevereiro deste ano. Mas é impossível. A marca dos sete pontos que levou na testa e o roxo no olho direito são algumas das cicatrizes visíveis desta experiência traumática. Deficiente física, moradora de Pinhais, Eva é uma das usuárias dos elevadores do sistema de transporte de Curitiba e Região Metropolitana. Mesmo com dificuldades para falar, ela conta a história do dia 11, quando um dos elevadores despencou com ela em cima.

"Eu estava vindo para a ADFP (Associação dos Deficientes Físicos do Paraná) e os dois elevadores das linhas que eu uso estavam em manutenção. Então, peguei outra linha. Quando o ônibus parou, a cobradora acionou o elevador e depois me colocou em cima. E ele caiu. Foi horrível. Eu fui pra frente, com tudo. Tive que ser removida pelo Siate e levada para o hospital", conta. Foi o primeiro acidente que Eva sofreu. Mas ela aproveita pra fazer uma reivindicação. "Além de bons equipamentos em funcionamento, muitos vivem parados e com os travadores estragados, é preciso treinar os cobradores. Porque hoje, são eles que acionam o sistema para nós."

fonte: Revista do CREA no.56 (mar/abr2009)

Anônimo disse...

Além dos acidentes, agora tem as notícias sobre a redução de passageiros e o prejuízo da URBS.