terça-feira, dezembro 05, 2006

Capital ?estuda? futuro do transporte coletivo
Roger Pereira [05/12/2006]

As Frases + importante do texto:
“Uma tarifa justa, pelo que o brasileiro pode pagar, seria R$ 0,50. O transporte não pode ser uma mercadoria, não pode ser pago pelo usuário e tem de ser viabilizado pelo contribuinte, para que a mobilidade dos cidadãos movimente a economia das cidades. O transporte não pode ser remunerado pelo que paga o usuário, mas sim pelo benefício que traz à sociedade como um todo”, afirmou o presidente da CBTU.

De acordo com um levantamento do Ministério das Cidades, 35% dos brasileiros se locomovem a pé por não possuírem dinheiro para a passagem de ônibus ou metrô.

Foto: João de Noronha/O Estado

Debates no local continuam hoje
de manhã. Entre as discussões
a implantação de um metrô.

Metrô em Curitiba só daqui a 10 anos: foi o que sinalizou o prefeito Beto Richa na abertura do Seminário Curitiba nos Trilhos - Desafios do Transporte do Futuro. Para ele, Curitiba precisa sim pensar em um novo modal de transporte de passageiros, mas em longo prazo, uma vez que tem um sistema de ônibus ainda eficiente e que pode ser aprimorado.

A já antiga discussão sobre a implantação de um sistema de transportes de passageiros por trilhos na capital paranaense voltou a ganhar força nesta semana, com a realização do seminário. Iniciativa do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano (Ippuc), com apoio da Companhia Brasileira de Trens Urbanos (CBTU) e do Ministério das Cidades, o evento visa promover - entre empresários e profissionais do setor, políticos e representantes comunitários - o debate sobre as possibilidades e o potencial do sistema de transporte de alta capacidade nas grandes cidades brasileiras.

Na abertura do seminário, que termina hoje no Salão de Atos do Parque Barigüi, Beto Richa indicou que o município já tem dois projetos elaborados pelo Ippuc. “Um de trens leves, de superfície, e outro subterrâneo, aproveitando o eixo norte-sul dos biarticulados, já existentes”, destacou o prefeito, lembrando que tal eixo, entre os bairros Pinheirinho e Cabral, é a terceira linha com maior sobrecarga do País, atrás apenas de duas linhas do metrô de São Paulo.

“A idéia é aproveitar as canaletas para construir um metrô elétrico mais leve, de menor profundidade, sem atravessar edificações. O que o tornaria mais bonito, mais barato e menos poluente”, destacou o prefeito. Um metrô como o de São Paulo funciona a uma profundidade de cerca de 50 metros, já esse projeto precisaria de uma escavação de apenas sete metros, de acordo com o Ippuc.

“No entanto, esse projeto é em longo prazo, para daqui cerca de 10 anos. Até lá temos de seguir investindo no nosso exemplar sistema de ônibus, com renovação das frotas, redução de tarifa, licitação das linhas, novas linhas, adaptação à lei federal de diminuição de emissão de poluentes”, lembrou o prefeito.

Também participa do seminário o secretário nacional de Transporte e Mobilidade do Ministério das Cidades, José Carlos Xavier. Para ele, “Curitiba nos trilhos” não é uma apologia ao sistema de transporte sobre trilhos, mas sim, um chamado para discutir o futuro do transporte de passageiros nas grandes cidades, “seja qual for a alternativa que o município optar”, disse.

Para ele, o transporte coletivo de Curitiba “já está nos trilhos”, mas precisa ser estudada sua ampliação. “Talvez, com a implantação do metrô”. Xavier considera viável a idéia de se aproveitar as canaletas dos biarticulados. “Se a cidade já tem um eixo planejado, nada mais justo que utilizá-lo em seu novo projeto”, destacou.

Essa também é a opinião do presidente da CBTU, João Luiz da Silva Dias, que disse que o metrô é uma das opções que Curitiba tem para otimizar seu transporte urbano, mas não a única alternativa. “Com o crescimento da demanda por sistemas de maior capacidade, Curitiba deve considerar a hipótese dos trens urbanos. Como referência mundial no planejamento de transporte, Curitiba tem tudo para desenvolver um bom projeto e dar sua contribuição para as demais cidades que também optem pelo transporte sobre trilhos”, disse Dias, que também apóia a utilização do eixo integrado às canaletas.

Esforço para manter valor da tarifa

Para todas as autoridades presentes no Seminário Curitiba nos Trilhos, o grande desafio do transporte coletivo, seja ele por trens ou ônibus, é oferecer ao usuário uma tarifa adequada à sua condição financeira.

“Reduzir a tarifa é um desafio permanente. Por isso lançamos um movimento nacional para fazer um apelo para o governo federal desonerar os tributos que incidem sobre a passagem, que correspondem a 30% do seu valor”, disse Beto Richa, revelando que a Prefeitura de Curitiba tem se esforçado muito para manter a tarifa de R$ 1,80.

Para o secretário de transportes do Ministério das Cidades, a solução não é a desoneração. “Existe uma discussão sobre o financiamento do custeio do transporte com recursos municipais, estaduais e federais, uma espécie de fundo para universalizar o transporte coletivo”, disse José Carlos Xavier.

Mais radical, João Luiz da Silva Dias defende que o transporte coletivo seja subsidiado. “Uma tarifa justa, pelo que o brasileiro pode pagar, seria R$ 0,50. O transporte não pode ser uma mercadoria, não pode ser pago pelo usuário e tem de ser viabilizado pelo contribuinte, para que a mobilidade dos cidadãos movimente a economia das cidades. O transporte não pode ser remunerado pelo que paga o usuário, mas sim pelo benefício que traz à sociedade como um todo”, afirmou o presidente da CBTU.

De acordo com um levantamento do Ministério das Cidades, 35% dos brasileiros se locomovem a pé por não possuírem dinheiro para a passagem de ônibus ou metrô.

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