quinta-feira, junho 05, 2008

Nota sobre a Audiência “Pública” pelo direito ao Passe Livre

Nós, do Movimento Passe Livre Curitiba, vimos por meio dessa nota manifestar nosso repúdio à maneira pela qual foi conduzida e composta a audiência “pública” sobre a questão do Passe Livre no Casarão da UPE no dia 05/06/2008. Fomos à audiência com a intenção de contribuir, seja com o viés apartidário na luta ou com uma visão mais ampla do direito à cidade. No entanto, pontuamos:

  1. Para se ter uma idéia do que foi a audiência, basta mencionar a presença do ex-reitor da UFPR que em diversas ocasiões utilizou de métodos similares, senão idênticos, aos de Beto Richa. Vide, por exemplo, em 2005, quando a polícia e a segurança privada entraram no campus da universidade e agrediram fisicamente um estudante que manifestava descontentamento com o processo eletivo para reitor, ou em 2007, quando a polícia federal foi acionada para impedir que estudantes participassem da reunião do Conselho Universitário que decidia sobre um projeto polêmico de reestruturação da universidade. Convidar Carlos Augusto Moreira Júnior, pré-candidato a prefeito pelo PMDB, para compor a mesa implica no ônus de assumir uma contradição: a contradição de denunciar um prefeito que agride estudantes e apoiar um pré-candidato que fez o mesmo.
  2. Ao final da fala da mesa da audiência, fomos surpreendidos pela não abertura do espaço de fala para o auditório. Quando tentamos nos pronunciar fomos rapidamente interpelados por militantes das entidades que promoviam a audiência sob a justificativa de que as pessoas deveriam sair do recinto, caso contrário os ônibus que as trouxeram partiriam sem elas. Participamos, diversas vezes, de audiências públicas promovidas pela terrível prefeitura de Curitiba, porém mais democráticas porque com direito à fala. O não espaço à fala demonstra burocratismo e, ainda, medo que uma fala exponha as contradições de um grupo que abraça e senta ao lado de pré-candidatos truculentos e autoritários.
  3. A participação do ex-diretor da URBS, Garrone Reck, em sua fala simplesmente pôs empecilhos burocráticos e técnicos à efetivação do Passe Livre, não discutindo a caixa-preta e reforçando a lógica capitalista no transporte coletivo.
  4. Como se não bastasse, a audiência não passou de um mero artefato midiático cujo objetivo principal era a projeção das entidades que apenas aparecem, via de regra, em momentos eleitorais.
  5. A luta por um transporte verdadeiramente público em Curitiba, sobretudo na década de 80, foi capitalizada para interesses circunscritos ao campo eleitoral. O saldo disso foi a renovação da elite política do Paraná, permitindo à burguesia curitibana cooptar os quadros mais ambiciosos advindos do Movimento Popular. A História parece se repetir quando toda a luta pelo Passe Livre, legítima por natureza, é utilizada como palanque eleitoral.

Movimento Passe Livre Curitiba, 5 de junho de 2008.

Um comentário:

Anônimo disse...

Olá, sou vice-presidente do DCE da FAFIPAR em Paranaguá-PR, nossa cidade tem um problema sério quanto a transporte publico, e estou interessado em começar a contruir a luta pelo passe livre aqui em Paranaguá, por isso gostaria de ter um contato melhor com alguem que possa me passar um material mais teorico sobre o assunto, estou interessado em construir um Forum no inicio do segundo semestre
viniciuspra@gmail.com