terça-feira, maio 11, 2010

Relato da atividade do 1º de maio

Tenda Mobilidade Urbana
(convidados) MPL Curitiba, CMI- Florianópolis, Lafaiete Neves, Lúcio
Gregori, Hilma- MNLM

• Gustavo
Prosseguimos nessa jornada de lutas, que visa o transporte coletivo
verdadeiramente público, nós do MPL Curitiba, sentimo-nos honrado em
receber nomes que há tempo contribuem, direta ou indiretamente, com a
nossa formação. Sinceros cumprimentos ao professor Lafaiete Neves (FAE-
UFPR), ao engenheiro e ex-secretário de urbanismo Lúcio Gregori, a Hilma
(Movimento Nacional de Luta por Moradia-MNLM) e ao Carlos Cazé
(CMI-Florianópolis).

• Lúcio Gregori, engenheiro e ex-secretário de urbanismo de São Paulo,
inicia sua fala incitando o artigo 5º da Constituição.
Frente ao desrespeito ao qual somos expostos e às atrocidades provenientes
do aparato governamental, nada mais pertinente do que utilizarmos esta
data, 1º de maio, para reunirmos e fomentarmos idéias que dizem respeito
aos nossos direitos enquanto cidadãos. Com a discussão acerca do
transporte coletivo não poderia ser diferente, visto o quão importante se
faz para compreendermos a organização urbana e a partir disso, as próprias
relações sociais.
O movimento pendular, aspecto de conjuntura nacional, é fruto de uma
política pública embriagada de interesses privados. Na verdade, consiste
no trajeto casa-trabalho-trabalho-casa feito pelo trabalhador a fim de
garantir seu sustento. A construção da cidade deriva do trabalho dessas
senhoras e senhores, moças e rapazes que, na tentativa de sobreviver às
mazelas do sistema, se submetem ao descaso dos gestores. Desta forma,
cultura, lazer, educação e saúde tornam-se privilégios de uma minoria,
enquanto, às sobras, ou seja, as regiões afastadas, desprovidas de
estrutura, caracterizam o cotidiano da maioria renegada.
Uma das providências para o acesso e a ocupação dos espaços públicos é a
criação de emendas que legitimem o custeamento do transporte coletivo.
Isso implicaria na equidade da distribuição dos recursos sociais e no
fortalecimento da economia. Porém, sabe-se que este fato, cada vez mais,
distancia-se do seu potencial de concretização. A migração das pessoas do
transporte coletivo para o individual ganhou proporções alarmantes;
medidas que levam a sociedade a virar "gigolô do automóvel" são
insensatas e perigosas. O inchaço da cidade não acarreta, somente, em
implicações na estrutura urbana, mas compromete nosso lado emocional
através da mobilidade ineficaz. As pessoas por sentirem o peso da atuação
das indústrias automobilísticas, acabam por procurar cidades cujo avanço
do transporte individual, ainda, não deixou cicatrizes. Visto o
bombardeamento de propagandas que incentivam o uso de carros, falar de
transporte coletivo torna-se, em senso comum, algo defasado.
Fica a pergunta: Há dinheiro para bancar o transporte coletivo?
Para responder esta questão é necessário levarmos em conta a ação do
Estado em despender recursos para manter as corporações dos automóveis,
impostos que deixam de ser revertidos para o bem público a fim de salvar
bancos. Será mesmo que não existe a possibilidade de custear e garantir
nosso direito de ir vir?

• Carlos Cazé (CMI)
Democracia Midiática e Descriminalização dos Movimentos Sociais
A mídia de massa pode ser caracterizada como um campo de batalha pela
palavra, que induz a modelagem e distorção do real. Através desta
técnica, conceitos, como por exemplo: democracia, socialismo, são
transformados, e, algo que em sua essência é positivo, passa a ser
negativo ou, vice-versa. Assim como os conceitos, situações diversas são
tratadas da mesma forma. Diante disso, podemos aplicar como sinônimo à
mídia de massa o termo monopólio de informação.
Atualmente, muito se discute sobre o processo de inclusão digital, que
consiste na democratização do acesso às tecnologias da Informação, de
forma a permitir a inserção de tod@s. Infelizmente, conhecendo a indústria
cultural, as chances desta proposta ser cooptada são inúmeras. A situação
descrita traduz o quanto as tecnologias são o reflexo da sociedade, ou
seja, em um grupo onde as políticas visam o lucro, as tecnologias tendem
a seguir o mesmo rumo.
Umas das propostas em tornar as informações mais democráticas é a criação
de Radiodifusão Comunitária, que possibilitará a captação dos indivíduos e
o acesso às informações e ao conhecimento, livres da atuação das
corporações.

• Lafaiete Neves e Hilma (MNLM)
Relembram a importância do 1 de maio, a fim de evidenciar a violência do
capital em relação ao trabalhador. O confronto histórico se deu com o
intuito de obter a posse dos direitos, logo, fica evidente que as
ferramentas institucionais não bastam, é necessário que os cidadãos se
envolvam socialmente.
A introdução do capital em Curitiba teve início com a entrada da New
Holland. Os espaços que anteriormente traduziam-se em vazios urbanos,
começaram a despertar o interesse das indústrias e, em consequência, os
projetos de urbanização foram impulsionados.
Os eixos estruturais beneficiaram o trajeto de deslocamento às indústrias.
Enquanto isso, os trabalhadores eram empurrados para a periferia da cidade
(as ocupações ocorreram ao longo do rio Iguaçu). Com a implantação das
canaletas, Jaime Lerner, elevou os impostos, favorecendo a permanência dos
empresários na cidade. Diante disso, os moradores das regiões em abandono
e afastadas, organizaram-se em associações de bairros para reivindicar
seus direitos.
Maiores informações da atuação dos movimentos sociais diante deste
processo de exclusão podem ser encontradas em: "Movimentos Sociais e o
Transporte Coletivo em Curitiba", Lafaiete Neves.
• Considerações finais
Lúcio Gregori
A dicotomia entre qualidade e coerção do transporte coletivo é fundamental
para que o assunto tenha relevância entre os cidadãos. Possuindo as
mínimas condições no transporte coletivo, pode-se pensar, posteriormente,
em restrições ao transporte individual.
O automóvel é um sonho, mas assim com este, o projeto Tarifa Zero se faz
semelhante. Vamos sonhar coisas diferentes das imposições ideológicas a
que somos submetid@s.

MPL Curitiba, 1º de Maio de 2010.

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