segunda-feira, maio 08, 2006

Pensando a Cidade

O sistema de transporte coletivo de Curitiba foi pensado, na época de sua criação, para atender a todos e servir como principal meio de locomoção dentro da cidade, chegando a todas as localidades.

Mas será que é isso mesmo que acontece?

Está na hora de encarar a realidade. O atual sistema de transporte já não atende às necessidades do cidadão curitibano, não é visto pela Prefeitura como prioridade no deslocamento e impede que pessoas de baixa renda se locomovam pela cidade. Muitos dizem, “é o melhor sistema do Brasil”, mas como pode o melhor sistema de transporte ter contas fechadas à população?

Como pode o cidadão não saber pelo que está pagando*?

Terminais sucateados (que não recebem melhorias desde a implantação dos biarticulados), usuários que andam como “sardinha em lata” nos horários de maior movimento, segregação social, falta de novas linhas alternativas, é isso que a Prefeitura oferta ao cidadão com esse sistema de transporte. O transporte é visto pelo Poder Público como um grande mercado e não como instrumento de viabilização da mobilidade urbana, visto que campanhas eleitorais, inclusive a do atual prefeito, são financiadas com dinheiro do transporte.

Os engarrafamentos se multiplicam em nossa cidade. E o que a Prefeitura faz? Incentiva o uso do carro de passeio criando binários e acabando com acostamentos, incentivando a poluição ambiental e inviabilizando a mobilidade urbana. Esquece-se de que o transporte coletivo, tendo a estrutura, os investimentos e os incentivos necessários seria a solução para esse tipo de problema. Hoje, as empresas de ônibus de Curitiba recebem por quilometro rodado, sendo assim o custo total diário do sistema é um só. Esse custo, juntamente ao lucro dos empresários, é dividido entre os usuários, daí sai a tarifa. Podemos concluir, então, que se mais pessoas usassem ônibus(hoje, apenas 1,1milhão) para se locomover o preço seria mais baixo. Dessa forma, o incentivo, por meio de campanhas(como a do lixo que não é lixo) ao uso do transporte coletivo aliado à investimentos e maior clareza nas contas do sistema seriam suficientes para acabar com os engarrafamentos, preservando o meio ambiente e baixando a tarifa.

Não bastam terminais, se esses estão caindo aos pedaços; não bastam ligeirinhos, se a URBS não cria novas linhas alternativas; não bastam empresas de transporte, se essas não são licitadas; não basta um sistema de transporte, se a prefeitura não sabe como usa-lo; não basta uma prefeitura, se essa não defende os interesses da população. É necessário que o interesse da coletividade se sobreponha aos interesses empresariais de pequenos grupos, só assim os objetivos da criação do sistema de transporte coletivo de Curitiba serão cumpridos.

* A URBS opera com planilhas fechadas à população.

Um comentário:

Cascão disse...

Texto muito bom, viva o novo contribuidor